18 de jan. de 2012

obrigada.

eu poderia só não lembrar. poderia só pensar nas coisas ruins. poderia, também, fazer de conta que nada existiu e que as coisas que houveram foram só coisas imaginadas e que serão lembradas como sonho. mas, não. vou lembrar de cada coisinha. macerar cada detalhe, bem amassadinho. e, a cada dorzinha ardida, eu verei tudo dilatado, verei a coisa toda em larga escala, cada poro exposto e cada punhado esmiuçado. isso está doendo uma dor densa, e eu não gosto de dor densa. enfrento e aguento, mas não gosto de dor densa. se eu deixei pra trás, não vou voltar e pegar o peso de volta. se algo, se denominando 'amor', me obriga a isso... então, minhas costas e coluna merecem descanso. - seu peso, 'amor', não é meu.  e, obrigada, eu precisava mesmo de uma caminhada.

25 de set. de 2011

pra quem quiser saber.

nunca tive quem me defendesse. nunca precisei. mas eu senti o conforto disso, senti o merecimento nisso. e vi, também, o que eu estava tentando esquecer, pelo bem de algo 'maior'. criei uma casca bem grossa, pra poder me manter durante tudo isso que aconteceu, durante tudo isso que eu escolhi (primeiro, pro meu bem, depois, pra poupar o que eu achei que tinha) e que quase me derrubou de vez. e me segurei em pé, bem firme. agora eu vejo que, além de não ter feito nada sozinha (obviamente), eu mereci o que eu aprendi e o que eu tenho e sou. e andei me desrespeitando. achei que, depois de tudo que eu passei, não faria mais isso. não teria mais essa capacidade. mas, olha, sou muito boa. e maleável. e não quero rotular. mas sempre, desde pequena, sonhei coisas, e dessas coisas ninguém sabe. e dessas coisas, tão pequenas e importantes, não posso abrir mão. não posso abrir mão de mim. e, se existe na cabeça de alguém a ideia de que essas coisas da minha cabeça não são importantes ou possíveis, então, eu lhes dispenso. dispenso-lhes do trabalho que é estar comigo e me viver, como quem vive um amigo. dispenso-lhes de saber o que se passa nessa cabeça. e isso tem que ser bom. não há necessidade de falta de claridade. sempre dei espaço pra diversidade de pensamentos. e ainda insistem em não me conhecer. sou tanta coisa. tanta coisa boa. é ridículo que eu tenha que me lembrar. mas até então... todos temos momentos assim.

19 de ago. de 2011

no lugar.

andei pensando. e andei tentando não pensar. e, quando tentei, não consegui. e aí, saquei. sempre comparei demais as coisas, li demais, perguntei muito, e achei que sabia de certas coisas. achei que quando certas coisas eram de verdade, elas nos chacoalhavam, nos tiravam do chão; que a gente sentia tudo como um rasgo. mas ó, o bom é o que é calmo, o bom é segurar a mão. e aí, quando eu tentei pensar e qualificar, eu me vi te olhando, e então foi e é assim. então eu parei e vi que é assim mesmo. vi toda a coisa bonita que é, e lembrei de como antes eu achava a coisa toda improvável, de como eu não vi porque esperava um baque. também lembrei das coisinhas, da companhia. da alegria tão comum, que é parte das coisas que a gente guarda pra pensar quando tá em paz, pra não gastar, sabe? pra não macular. e penso nessas coisinhas sempre... outras coisas não têm mais lugar. tanta coisa boa pra falar, tanta coisa boa acontecendo, tantos planos legais, tantas alegriazinhas do dia a dia das quais eu queria contar, queria mostrar te dando a mão.

12 de abr. de 2011

aqui comigo.

me tranquei nas coisas minhas. estou em mim mesma e raramente saio, agora. não creio que haja algo de fora que me apeteça tanto assim. essas coisas das pessoas me confundem, e agora vejo o quanto não as quero. e, incrivelmente, sei o que quero antes de saber o que eu não quero. tem, sim, esses dias isolados no meio de tantos outros. esses dias em que eu choro porque finjo que não entendo, e porque a saudade é maior do que o óbvio. e sei também que mais dias desses virão, intercalados entre tantos outros dias felizes. me sinto bem por suportá-los com uma calma inédita. calma treinada, mas nem por isso forçada. é tanta coisa que eu senti e sinto, tanta coisa que me fez triste, tanta coisa que foi mentida, e tão desnecessariamente, que confesso ter achado, por vezes, que me afogaria de tanta água que caía do olho. mas não, são só dias intermitentes, com intervalos sempre longos, sempre meus. e é tanta coisa minha, que sempre foi minha, e boa, que sempre esteve me esperando, que é assim, simples assim.

2 de jan. de 2011

Camões.

Vós, que de olhos suaves e serenos,
Com justa causa a vida cativais,
E que outros cuidados condenais
Por indevidos, baixos e pequenos;

Se de Amor os domésticos venenos
Nunca provastes, quero que saibais
Que é tanto mais o amor depois que amais,
Quanto são mais as causas de ser menos.

E não cuide ninguém que algum defeito,
Quando na cousa amada se apresenta,
Possa diminuir o amor perfeito:

Antes o dobra mais; e se atormenta,
Pouco a pouco o desculpa o brando peito,
Que amor com seus contrários se acrescenta.

19 de dez. de 2010

quanto ao nó e ao tempo.

entendo que o tempo passa sozinho. que a gente pode acelerar ou desacelerar, mas que tem hora que ele tem que correr sozinho, que a gente tem que contemplar. mas isso não faz com que afrouxe o nó. esse nó tenso que aperta mas não dói, e se dói, nem mata. sabe aquela garoa fina? aquela que não encharca, mas gela com a constância que cai. essa mesma. acho que não há o que fazer, mesmo. melhor. pra facilitar pro tempo andar, não devagar, mas manso. e eu vou levar assim que dá menos medo. ultimamente tenho tido tanto medo... de tanta coisa que acho que nem tem sentido. então agora eu treino minha calma pra passar o tempo. ensaio a disciplina que nunca tive, pra me distrair. e acho que consigo gostar disso, estou vendo que gosto, mesmo. a mudança tem sido lenta, e isso só tem me atrapalhado. então me mudo daquela concha grossa e gasta num tranco, enquanto o tempo anda manso. as coisas que andavam entaladas e eu não pude expulsar, agora escorregam com muita água e pouco esforço. não há o que eu possa fazer agora, a não ser por mim, e isso só pode ser bom. quanto ao nó? vai bem, obrigada. e não incomoda em nada.

14 de dez. de 2010

antes que o tempo mude.

hoje eu quero um cobertor. quero um cobertor e um filme e uma anestesia. a consciência traz muita responsabilidade, e dói ter que ser quem entende e se desculpa e assume as culpas o tempo todo. cansa não conseguir esfregar na cara, ou mesmo não expor. ferem o laço os fatos omitidos, apertam o coração os laços não criados. quando tudo que eu queria era só uma companhia. mas eu tenho um cobertor e essa minha nova calma. minha companhia é bem melhor que a desconfiança, mil vezes mais agradável que o desconforto da espera, da hesitação e da insegurança. e a saudade do meu lado embaixo do cobertor, essa é amiga antiga, mas eu não conseguia admitir quão sensata e amável era até gostar esse tanto de mim.